quinta-feira, 29 de outubro de 2009

GPS - uso misto...

Tinha comentado que ainda tinha mais 2 posts sobre a viagem para Minas.
Resolvi juntar os 2 em um só, e um deles transformei em um vídeo (trabalho artesanal), e já vou pedindo desculpas para quem tem banda estreita e pouca velocidade de conexão, pois o vídeo ficou um pouco grande...



O resto do assunto é sobre GPS.
Nesta viagem usei um da Foston, modelo FS-430, que custa US$100,00 em Ciudad del Este.
Este GPS, além dos programas de navegação, que são o IGO v8.3, o MioMap e o PolNav, dispõe de um player para MP3 e também toca vídeos em mp4. Tudo isso roda sobre Microsoft Windows CE. É possível, por exemplo, deixar rodando em primeiro plano o IGO e em segundo plano player, de modo que você vizualiza o cockpit do GPS, escuta sua trilha sonora preferida, e ainda escuta as mensagens do navegador, do tipo "prepare-se para virar a direita a 800m para a rua Allan Kardec".
Meu avô já dizia: "orai e vigiai", e a experiência mostrou que o melhor é jogar o destino no GPS e seguir as instruções, mas parar de vez em quando para perguntar. Uso misto.
É fato que, se tiver sinal, se a precisão for boa, se você tiver paciência, e se tiver fé, o GPS vai te levar ao destino, mas nem sempre pelo caminho "mais conveniente". Nem sempre os mapas estão atualizados, principalmente das cidades menores, e as vezes ele te faz passar por lugares "insalubres". Então, por isso, orai, ou seja, coloque o destino lá e sega as instruções, e vigiai, quer dizer, ligue o desconfiômero e pare de vez em quando para perguntar às pessoas.

Ops... já ia esquecendo, ainda tem outra variável que pode acarretar em experiências negativas no uso deste GPS, além da qualidade do sinal e confiabilidade dos mapas.
Como falei, todas estas maravilhas rodam sobre Microsoft Windows CE, que tem o péssimo hábito de "travar" de vez em quando. Por exemplo, qualquer pessoa que tenha usado um computador com Windows certamente já viu uma tela de erro dizendo "Este programa executou uma operação ilegal e será fechado", e neste momento, seja lá o que você fizer, o programa (seja ele qual for) realmente srá fechado, e o jeito é começar tudo de novo... Pois é, como todo Windows que se preze, isso também acontece no GPS...
Desculpem... como sou entusiasta e usuário de software livre (linux), não podia perder a oportunidade de dar uma "espetadinha"... :)

Até o próximo!

sábado, 24 de outubro de 2009

Na estrada - dia 11

Depois do café da manhã no hotel "sinistro" caímos na estrada de novo, rumo à Curitiba.
Para não passar por São Paulo procurei um desvio que um amigo havia indicado, e acho que peguei o caminho errado, pois ficamos circulando um tempão por dentro de Jundiaí, mas no final o GPS nos colocou na estrada de novo.
Para não fugir à regra, pegamos um pouco de chuva no caminho, e aproveitamos para parar e fazer um lanchinho.
Nossa intenção era pernoitar em Curitiba, e seguir para casa no dia seguinte, mas chegamos à Curitiba pouco depois das 17h, cansados, mas ainda meio inteiros, então decidimos seguir direto para casa, onde chegamos pouco antes das 19h para receber o abraço das crianças.
Muita festa... todos falando ao mesmo tempo... cada um querendo contar mais novidades... presentinhos para todos... mais abraços e beijos... uma beleza!

Pois é... e a viajem acaba por aqui, com 4000Km a mais na bagagem e a E900 em casa...

Mas ainda tenho outros 2 posts no forno, e no próximo final de semana vamos "fazer poeira" em Florianópolis, e vou contar tudo por aqui, então... Não me abandonem!!!

Quero agradecer as visitas e comentários de todos, em especial da Adriana Vilela, sempre presente nos comentários, mas sei que tinha bastante gente visitando e acompanhando a viagem, e que não comentava até por uma falha minha, que inicialmente não permiti comentários anônimos, coisa de blogueiro principiante...
Adriana, desta vez não foi possível esticar até BH para visitá-los, mas tenho certeza de que a qualquer hora uma estrada vai proporcionar a oportunidade para nos conhecermos todos pessoalmente.
Enfim, esperamos ter levado à vocês alguns momentos divertidos, e se tivermos despertado em pelo menos um de vocês uma vontadezinha incontrolável de cair na estrada, nos damos por satisfeitos, e um dos objetivos deste espaço foi atingido.
Fica uma imagem da E900 na Estrada... Real.
Até o próximo...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Na estrada - dia 10

Estávamos devendo uma foto do pão de queijo. Pois ai está. É do café da manhã da pousada. Muito bom, mas ainda fica devendo para o da D. Zinha.

Saímos de Ouro Preto cedinho, e o trânsito já estava bagunçado... Já tive uma experiência anterior em que fiquei sem poder voltar para o hotel por causa de uma visita de sua excelência, então saímos bem cedo, e ao cruzar com um guia que estava orientando o trânsito, pedimos informação sobre o caminho para sair, agradeci e disse: se o presidente perguntar por mim, diga que já fui. :)
Nosso destino era uma pousada em Atibaia. Pouco antes de São João del Rey, o velocímetro, que já vinha dando sinais de problema parou de vez. Paramos para verificar e, sob os olhares atentos da platéia, constatei que o cabo havia rompido. Um dos "expectadores" disse: lá na esquina tem uma loja que tem tudo de moto. Nem perdi meu tempo. Mal sabe ele que para Cagiva até parafuso é difícil...

Por sorte tenho outro em casa! Outro probleminha que tivemos com a moto foi que, ainda em Tiradentes, um dos parafusos que prende os faróis soltou-se. Lá mesmo eu havia recolocado no lugar, mas ele voltou a se soltar. Isso praticamente não representa nenhum problema, e resolvi deixar para fazer o reparo definitivo em casa.
No caminho entre Lavras e a rodovia Fernão Dias tivemos que ficar parados na estrada por um tempo. A polícia vinha parando o trânsito para que um caminhão com uma carga "grandinha" pudesse passar.Paramos em Pouso Alegre para esticar as pernas, e a Carla aproveitou os preços de uma loja para comprar um vestido e um brinquedo para as crianças. E aproveitou também para tirar a roupa na praça. Estou falando da roupa de chuva!

Chegamos à Atibaia à noitinha, e, com alguma dificuldade encontramos a pousada na qual havíamos feito reserva. Não gostamos, e resolvemos ir até o centro da cidade e ver se achávamos algo melhor. Encontramos o Grad Hotel Atibaia e resolvemos ficar. Lugar estranho...
O hotel é bem antigo.
Talvez o mais velho da cidade.
A janela de nosso quarto tem uma bela vista para o telhado do prédio ao lado, e o chuveiro só esquenta depois de uma leve pancadinha...
Com a ajuda do recepcionista pedimos uma pizza, que tivemnos que comer na caixa e na mão, pois pratos e talheres estavam trancados em algum lugar que o recepcionista não tinha chave.
Havia um quadro com a imagem de uma jovem muito sinistro, e com o vapor do chuveiro apareceu o nome "Maure" na parede. Sinistro...

Bom... mesmo assim dormimos e descansamos, e depois do café da manhã (meia boca) Seguimos rumo à Curitiba.

Estamos ansiosos por chegar em casa...

Até o próximo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Dilermando Reis

Ontem, fomos jantar e encontramos o restaurante...
Entramos para dar uma olhada no cardápio e logo o som do violão chamou à atenção.
Entramos e sentamos numa mesa próxima ao músico.
Ele tocava lago de Baden Powel.
Depois passeou por Vinícius, João Gilberto, e outros do gênero.
O sujeito tocava muito bem! Como diz o manézinho da ilha... Éjs um monxtro! Dajs um banho!
Comemos uma saladinha e uma lasanha, e experimentamos uma cerveja chamada "Devassa", e nos perdíamos no tempo ouvindo o violão.

No final de uma música, falei: Toca uma do Dilermando.
Ele disse: Dilermando... faz tempo que eu não toco... não sei se vou lembrar... mas minha memória é boa...
E começou a dedilhar Abismo de Rosas.
Terminou dizendo: Quanto tempo que eu não toco isso!
E já foi passando para outra... e mais outra... e outra mais...

Sempre que escuto Dilermando e outros do gênero, é inevitável lembrar de minha mãe. Ela adorava! E quase posso vê-la num sábado de manhã, preparando um "frango de casaca", e escutando Dilermando no programa de rádio "Almoço à brasileira", que tocava das 11 às 12h, e balançando no ritmo das músicas.
Minha mãe foi para o andar de cima já faz algum tempo, mas naquele momento ela parecia estar sentada na cadeira ao lado.

E o músico, entre uma canção e outra, comentava de seus primeiros contatos com a música, da juventude quando passava horas tentando tocar a música de alguém, e de como sua mãe gostava de Dilermando Reis.
Só as músicas já me emocionam, mas quando o músico, entre uma canção e outra, exclamou: "que saudades de minha mãe!"... mais uma vez chorei de saudades da minha mãe.
Algumas pessoas se vão e deixam um espaço que nunca é preenchido.

No final disse a ele que ficaríamos a noite toda escutando, mas que precisávamos ir embora, e ele agradeceu por eu tê-lo lembrado de Dilermando Reis.

O músico chama-se Rogerio Rodriguez.
Minha mãe chama-se Nanci.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Na estrada - dia 8

Hoje após o café da manhã, que fizemos em uma mesa comunitária, junto com os demais hóspedes da pousada, fomos procurar o Emerson (guia) na Praça Tiradentes.
E lá estava ele, pronto para o tour. Realmente é muito válido contratar os serviços destes profissionais, pois eles nos levam aos pontos turísticos e contam as histórias e lendas locais.

Quando andávamos pelas ladeiras na companhia do Emerson, passamos por uma rua na qual uma placa citava um tal "vira-saia", e perguntamos a ele do que se tratava, pois ele contextualizou, relatou e comentou a história do personagem, em uma narração de uns 15 minutos cheia de detalhes. Excelente!


Ouro preto é uma cidade localizada em um vale, na encosta dos morros, e por isso, é difícil encontrar uma rua que tenha mais de 30m na horizontal. Todas são em ladeiras bastante inclinadas.A cidade respira inconfidência e aleijadinho.

Daqui da cidade, no auge do ciclo do ouro, saia 1/3 de todo o ouro produzido no mundo, que era pesadamente taxado por Portugal. Em 1755 Lisboa foi parcialmente destruída por um terremoto, e o império sobretaxou a produção de ouro na colônia em 1/5, com objetivo de "reforçar o caixa" e fazer frente às despesas de reconstrução. Esta sobretaxa, que ficou conhecida como "o quinto dos infernos" foi um dos mais fortes motivadores da inconfidência mineira, movimento conduzido pela burguesia, nos moldes da revolução francesa, com objetivo de dar fim à opressão da coroa, e buscar a independência da colônia, e que silenciou-se com a morte de Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes).

Aqui viveu e morreu Antônio Francisco Lisboa, o aleijadinho, que trabalhava em madeira e pedra sabão, além de exercer a profissão de "riscador", que era a pessoa que desenhava (riscava) o trabalho a ser executado. Além de Ouro Preto, existem obras do artista, principalmente, nas cidades de Mariana e Congonhas. Nesta última estão os 12 profetas, esculpidos na pedra sabão, em tamanho natural.
Durante o tour visitamos também uma antiga mina de ouro.

O passeio no interior da mina, que se estendeu por 150m, e nos deixou 700m abaixo da superfície, foi precedido por uma pequena "palestra" proferida pelo guia da mina, na qual, com apoio de livros, revistas e outras publicações, ele enfatizou e detalhou o valor do braço escravo na exploração do ouro na região. Ficamos sabendo que um escravo sobrevivia não mais que 7 anos trabalhando nas minas, e que todo o trabalho desenvolvido no interior das minas era feito exclusivamente por escravos, pois os senhorios e proprietários não entravam nas minas. Notem então que todo o mérito de encontrar os veios de ouro montanha à dentro foi dos escravos, que aprenderam a "ler" na rocha os indícios e caminhos que levavam ao ouro.


Ontem jantamos no restaurante "O Sótão", que serve um rodízio de panquecas acompanhado de excelente música ao vivo. Fica a dica.

Amanhã o presidente Lula vem à cidade, e vamos tentar sair bem cedo, antes que fechem as ruas e o trânsito fique um inferno.
Bom, como atrasamos para sair e precisaremos voltar mais cedo para casa, não teremos tempo para ir até a serra da canastra, que era a parte final da viagem. Vai ficar para a próxima...
Ha... ontem falei do "Sozé"... para quem ficou curioso, o nome dele é José... Sozé... Seu Zé... :)

Até o próximo!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Na estrada - dias 6 & 7

De São Thomé a Tiradentes passamos por Três Corações, Lavras e São João del Rey.
Logo saindo de São Thomé, paramos na estrada para esperar uma pequena tropa de gado passar, que vinha sendo conduzida por 2 tropeiros. Gente simples que andava descalça no estribo. Acho até que aqueles pés não se adaptariam ao uso de calçados...

Paramos em São João del Rey para fazer um lanchinho e esperar a chuva passar. Sim chuva de novo... Está chovendo à tarde quase que diariamente.
O lugar que paramos servia um pão de queijo recheado... Diliça!!!
Em Tiradentes nos hospedamos na pousada "Portal", e ficamos 2 dias na cidade.
Chegamos à tardinha, bem à tempo de fugir da chuva de granizo, e só deu tempo de jantar e cair na cama. Mas no jantar provamos uma costelinha de porco com ora pro nobis e angu.

A tal ora pro nobis é uma folha semelhante à couve, muito comum na região, e presente em quase todos os restaurantes. Para registro, a Carla não gostou, disse que a folha "solta uma baba" e não tem nada a ver com couve.

No dia seguinte descemos a rua até a estação de trem, onde conhecemos o Sr. Léo, um charreteiro que leva o povo nos pontos turísticos e conta todas as histórias com eles relacionadas.Inclusive nos contou que Tiradentes não nasceu em Tiradentes, e não morreu em Tiradentes, mas sim nasceu em uma fazenda próxima da cidade, e foi enforcado no Rio de Janeiro, depois de ser preso em Ouro Preto. Existe uma suposição de que ele haveria residido na cidade entre os 9 e os 15 anos, quando, após perder os pais, teria ele residido na casa do padre Toledo. Após abandonar o posto de alferes no exército do império, ele retornou à cidade, e a casa do padre Toledo abrigou várias reuniões da inconfidência.

O Sr. Léo "pilota" uma charrete muito bem cuidada, tracionada pelo "Falcão", um cavalo de meia idade que fica nervoso por andar de vagar e morde a charrete. Quando comentamos do blog o Sr, Léo insistiu para publicarmos sobre aquilo que faltava à cidade, tais como a cadeia da cidade. Esta cadeia é um prédio histórico localizada à frente da igreja dos negros, e está fechada a seis meses para restauração, e ainda não fizeram nada.

Por falar na igreja dos negros, ela é uma das menores e todo o ouro usado no altar, cerca de 12Kg, foi carregado pelos negros escondido nas unhas, dentes e cabelo, e a construção da igreja ocorreu durante a noite, que era o período de "folga" dos escravos.

Tem a igreja dos mulatos, que na época eram mais discriminados do que os negros, e ainda a igreja dos brancos, a matriz da cidade.

Esta igreja tem quase meia tonelada de ouro no altar, e um órgão que foi fabricado na França, trazido ao porto de Paraty, desmontado, carregado até Tiradentes em lombo de mula pela Estrada Real, remontado e instalado na matriz. Semanalmente um músico executa nele obras barrocas para deleite dos visitantes.

Nestas igrejas o piso é sempre de largas tábuas, e abaixo dele o espaço era usado para sepultar pessoas importantes, ou que tenham doado bastante dinheiro à igreja, através da prática conhecida como "perdão das indulgências". Todos os outros coitados eram jogados no rio. O rio das mortes.À tarde fizemos o passeio de trem até São João del Rey, e lá visitamos outras igrejas, o solar da família de Tancredo Neves...uma rua onde a parede das casas são todas fora do prumo...

um cemitério coberto...a fábrica das famosas "namoradeiras" (bonecas que enfeitam as janelas), e uma fábrica de artefatos em estanho, além do museu do trem, que fica na própria estação, tudo isso através dos serviços de guia e city tour do Sr. Joel, que também ia descrevendo e contando tudo sobre cada canto, prédio e rua por que passávamos.

Notamos uma certa "rixa" entre as cidades de Tiradentes e São João del Rey, cada guia valorizando sua cidade e fazendo comentários "espinhosos" sobre a cidade vizinha.
Tiradentes é uma cidade bem mais cuidada e preparada para o turismo. Não tem nenhum prédio, o calçamento original é preservado na área central, e todo o casario é preservado, mesmo sendo ocupado e usado por pousadas, restaurantes, lojas e residências. Ao passo que São João del Rey é uma cidade maior e que já engoliu seu lado histórico, preservado apenas em alguns pontos.
Tivemos muita dificuldade para acesso à internet, apesar de Tiradentes oferecer conexão wireless pública em três pontos da cidade, e "tomadas em árvores".
Hoje cedo passamos pela praça novamente para comprar algumas coisas, e seguimos rumo à Ouro Preto, onde chegamos por volta das 16h, passando por Barroso, Barbacena e Ouro Branco. Na praça central, que leva o nome de Tiradentes, encontramos o Emerson, um jovem que se apresentou como "agenciador de pousadas" e estudante de turismo (mostrou carteirinha e tudo!). Ele nos levou até a pousada Ouro Preto, onde fomos recepcionados pelo "Sozé" e nos instalamos. Deixamos agendado com o Emerson um city tour para amanhã cedo.

Vamos procurar um local para jantar e amanhã contamos do passeio.

Até o próximo!

domingo, 18 de outubro de 2009

Pão de queijo



Café da manhã na Pousada Arco-iris.Cafézin quentin, quejin dimins, frutas, sucos, bolos, ovos produzidos na fazenda, e enquanto você estiver na mesa, a Dona Zinha fica “sevino pão di quejo” inté ocê num guentá mais.
Pedindo bastante ela entrega a receita, e explica direitinho como se prepara.A receita original é da Dona Rosa de Caxambu, que entregou para a Zinha, que alterou a receita trocando queijo parmesão por queijo minas. Ela explica “direitin” os queijos que podem e os que não podem ser usados, e o porque!
Houve um “istrangêro” que veio e copiou a receitinha do “cadernin di receits” e faz sucesso no “isteriô” fazendo o pão, que chama de “Pão de São Thomé”, porque Zinha ficou com vergonha do nome dela aparecer no “isteriô”, mas devia se chamar mesmo de “Pão da Zinha”!

Não vamos colocar a receita aqui, mas quem quiser peça no comentário, que a gente manda.

Vamos colocar outra receita colhida no restaurante “Pau de angu”, que fica na localidade de “Bichinho” no terceiro marco da Estrada Real, em Tiradentes. Ai vai:

Repoi a Figueredo

Moi di Repoi nu ai iói

Ingredienti

5 den di ái;

3 cuié di ói;

1 cabêss di repôi

1 cuié di mastumati

sali a gosto

Cumé qui Fais?!

Casca u ái, pica u ái e soca o ái cum sali.

Quenta u ói; foga o ái nu ói quentim.

Pica o repôi bemmmm finimmm, foga o repôi.

Poim a matumati, mexi ca cuié pra fazê u moi.

Prontim!

Na estrada dia 5 & 6

Desculpem pela ausência, mas só consegui conexão agora, pois em São Thomé das Letras, conexão com internet só se for por abdução.
Vamos lá...
Depois de limpar meu nome na praça de São Lourenço, pagando o almoço fiado, fomos dormir, e hoje cedo, quer dizer, mais ou menos cedo, arrumamos as coisas e seguimos com destino a São Thomé das Letras.
Fomos de São Lourenço à Caxambu, e daí à Cruzilha.

De Cruzilha à São Thomé foram cerca de 40Km de estrada de chão. Chegamos à São Thomé por volta das 15h e nos hospedamos na Pousada Arco-Iris.

São Thomé das Letras é um mundo à parte. Uma cidadezinha de 6 mil habitantes (contando a população rural), encravada no alto da serra à 1440m de altitude, onde grande parte das casas e todo o calçamento das ruas é feito em pedras de quartzito.

Conta a lenda, que um escravo fugido refugiou-se em uma gruta, e passou a viver do que a natureza lhe oferecia, quando, certo dia, lhe apareceu um senhor em vestes brancas que lhe ofereceu uma carta para que fosse entregue ao seu senhorio, que lhe daria a certeza do perdão. E assim fez o escravo. O senhorio foi conhecer a gruta e nela encontrou uma imagem de São Thomé, além de inscrições semelhantes à letras. Ao lado da gruta foi erguida uma capela, que posteriormente foi substituída pela atual igreja matriz. A gruta é o ponto central de visitação, mas está longe de ser o único. São inúmeras cachoeiras, grutas e cavernas, e conta outra lenda, que uma destas cavernas liga São Thomé a Machu-Pichu (é mole!).

E logo ao chegarmos à cidade nos abordou um guia, de nome Juvenal, que garantiu conhecer a entrada da tal caverna.
Pensa que acabou? que nada! Tem um discoporto (aeroporto para discos voadores), a pedra da bruxa, a casa da pirâmide, ladeira do amendoim (onde um carro desengatado ao invés de descer a ladeira, sobe!), um sem-número de comércios com nomes como "Reino dos Magos", "Senhor dos Anéis", "Montanha Mágica", "O Alquimista", "Xamãs", "Bicho Grilo", e por ai vai...
Jantamos no restaurante O Alquimista, e experimentamos um prato chamado "Tutu de Feijão", num ambiente simples e rústico, com o detalhe de um gato preto que ficava passeando nos caibros do telhado.
E ainda tínhamos convite para visitar o "Bar dos Gnomos", experimentar drinks exóticos e curtir a apresentação da banda "Cabelinhos da Lua", mas o cançasso nos venceu e fomos dormir com os duendes, pois onde nos hospedamos estava cheio deles...
Povo estranho este de São Thomé...
No dia seguinte seguiríamos para Tiradentes, mas isto eu conto em outro post.

Até o próximo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Na estrada - dias 3 & 4

Então... depois daquele almoço seguimos pela estrada Real rumo à São Lourenço, passando por Cunha, Guaratinguetá e Itajubá.
O trecho da Estrada Real entre Paraty e Cunha tem pouco mais de 40Km, sai do nível do mar e alcança 1550m de altitude, e eu dividiria em 3 etapas.

A primeira etapa, de cerca de 17Km, que inclui o restaurante onde almoçamos, pavimentada com um asfalto bastante precário, vai serpenteando o pé da serra até alcançar uns 400m de altitude.
A terceira etapa vai da divisa entre os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, ponto máximo de altitude, e o asfalto vai serpenteando em uma descida leve de uns 14Km até a pequena cidade de Cunha, num festival de lindas paisagens, repletas de vales verdes, pontilhados por cachoeiras, fazendas e sítios muito bonitos.
Quem já fez as contas percebeu que o trecho intermediário é de cerca de 9Km, e também percebeu que sai de 400m e chega a 1550m. Então, sobe-se 1150m em 9Km... isso mesmo! E a experiência pode ser resumida em 3 palavras: lama, pedras e nevoeiro. E todas podem ser precedidas do substantivo MUITO! E fiquem à vontade para usar o "muito".

Houve momentos em que avaliamos seriamente a possibilidade de desistir, voltar à Paraty e procurar outra alternativa. Mais por teimosia do que por juízo, resolvemos seguir adiante. Ok, Ok, foi uma decisão meio "unilateral", porque pela Carla já estaríamos no rumo do retorno à tempos!Logo que o asfalto acabou encontramos o Sr. Antonio, acompanhado do filho Guilherme. Os dois seguiam à pé, e nos motivaram a seguir em frente. O Sr. Antonio é um artesão da região que trabalha com mosaico bizantino.

Seguimos, e logo à frente paramos frente a um atoleiro medonho! Este foi o momento de maior dúvida, pois se seguíssemos adiante ficaria muito difícil retornar. Um atoleiro daqueles na descida, bastaria beliscar o freio dianteiro para tomar um tombo. Fomos alcançados pelo Sr. Antonio e o filho (lembrem que eles estavam à pé), que novamente nos motivaram e foram na frente mostrando o melhor caminho no meio da lama. Passamos. Ufa! Nos despedimos (novamente) do Sr. Antonio e seguimos.

Mas logo adiante paramos de novo. Uma subida íngreme cheia de grandes pedras. Mais uma vez fomos alcançados e motivados pelo Sr. Antonio. Na subida, por várias vezes eu sentia a roda da frente no ar. Nestes momentos é muito fácil perder o controle e passar do limite no acelerador, e o resultado seria a moto empinar e virar. Por sorte nada disso aconteceu. Em determinado momento, depois de outra subida íngreme de uns 20m com lama e pedras, parei. Desliguei a moto e sentei numa pedra. Exausto.

Nestes trechos difíceis (maioria) a Carla vinha andando. Sentei para descansar e esperá-la. Logo ela chegou e sentou também. Cansada. Ficamos ali, os dois ofegantes e em silêncio. Neste momento, mais uma vez, constatei que a Carla tem o que se chama de "santo forte". De repente ouve-se o inconfundível som do motor de um fusca. "Tá subindo ou descendo", perguntei. Logo percebemos que estava subindo. Ele parou e eu perguntei se ele poderia dar uma carona à Carla. Sorrindo como quem diz "mais um que se meteu onde não deve", e com uma gentileza autêntica, levou a Carla até o final da subida, limite dos estados, onde o asfalto começava novamente. O motorista chama-se Carlinhos, e tem no transporte entre Paraty e Cunha seu ganha-pão. Faz o trecho quase todos os dias levando e trazendo gente. Pessoalmente cuida da conservação da estrada, estourando pedras e fazendo pontes. Nesta viagem ele levava a D. Tereza e o filho para uma consulta no hospital de Cunha.
Incrível como gente boa cruza o nosso caminho.

Como falei, o trecho de asfalto até Cunha é muito bonito.

Com paisagens de tirar o fôlego.
De Cunha seguimos para São Lourenço, onde chagamos perto das 23h, depois de pegar uma chuva bastante forte entre Maria da Fé e Carmo de Minas.
Neste estado, cobertos de lama e bastante molhados, chegamos ao Grand Ville Hotel.

Hall branco, alvíssimo, de mármore, e nós dois pingando lama. A camareira usando um uniforme mais alvo ainda insistia em carregar os alforges que, é claro, pingavam lama também. Se eu tivesse deixado seria maldade.

Em São Lourenço visitamos uma amiga da Carla, conhecemos o Parque das Águas, e almoçamos fiado no restaurante Ancestral. Isso mesmo, FIADO. O chef, Sr. Fábio, estava com problemas para receber o pagamento em cartão e disse "vocês almocem e paguem depois". Almoçamos um escondidinho e um medalhão, bebemos um frisante italiano. Delícia.


Bom, já escrevi demais por hoje.
Vamos jantar e aproveitar para pagar o almoço.

Até o próximo.