segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Dakar... O rally

Como este é um dos posts mais visitados do blog e fala sobre o Dakar, que todo ano tem um pouco mais de história para contar, resolvi atualizá-lo.
No final do post original (abaixo), vou adicionar as atualizações.
Fiquem à vontade para comentar e adicionar informação.

Postagem Original (16/11/2009)

Olá pessoal!
A E900 tem boa parte de sua história amarrada ao Rally Dakar, antigo Paris-Dakar, e por isso resolvi escrever um pouco sobre estas histórias...
O Rally nasceu da experiência do francês Thierry Sabine ao participar, de moto, em 1977 do rally Abidjan-Nice. Sua primeira edição teve início em 26/Dez/1978 com 170 competidores que partiram de Paris e, 10.000Km depois chegaram a Dakar em 14/Jan/1979.
O primeiro vencedor iria tornar-se lenda anos depois. Cyril Neveu, então com apenas 21 anos, venceu pilotando uma Yamaha XT500.
A primeira vitória de uma Cagiva foi em 1990, nas mãos Edi Orioli, e em 1991 outro nome recordista em vitórias sobe ao ponto mais alto do podium pela primeira vez: Stéphane Peterhansel.
Enquanto Cyril Neveu reinou na primeira década de rally com 5 vitórias, sendo 2 de Yamaha e 3 de Honda, na terceira década foi a vez de Stéphane Peterhansel, que também venceu 5 edições, todas elas de Yamaha. A última década encerrou-se sem uma hegemonia tão grande. Richard Sainct venceu 3 edições, Fabrizio Meoni, Marc Coma e Cyril Depres venceram outras duas cada um.
Falando-se de fabricantes, a Yamaha venceu 9 das 30 edições, mas não vence desde 98. Na primeira década a Honda venceu 4 edições, e a Yamaha reinou absoluta na segunda década, vencendo 7 edições. Foi nesta segunda década que a Cagiva conquistou 2 vitórias. E eis que surge a KTM.
Conquistando 8 das últimas 10 edições a marca austríaca é hoje unanimidade absoluta. Sua primeira aparição foi no Dakar de 1980, quando chegou na sexta posição. Em 96 a marca tinha 7 das 10 primeiras posições, e este número sobe para 9 em 98. Conquistou a primeira vitória em 2001 nas mãos de Fabrizio Meoni, e naquele ano das 20 primeiras apenas uma única moto era de outro fabricante. Este ano, na trigésima edição da competição, as KTM eram 8 entre as 10 primeiras.
Com o cancelamento da edição 2008, devido ao fato de que vários países africanos se declararem impossibilitados de prover garantias mínimas de segurança aos participantes, em virtude dos conflitos que assolam a região, a comemoração dos 30 anos da competição precisou aguardar 2009, que marcou ainda a estréia da competição no continente americano. Neste ano largaram 113 motos, sendo 64 KTMs, que somadas à Honda e Yamaha completam mais de 90% dos participantes.
E parece que a organização e pilotos aprovaram a mudança de ares, pois a largada da versão 2010 do Dakar acontecerá dia 01/Jan em Buenos Aires, e serão percorridos mais de 9000Km até a linha de chegada no mesmo local, Buenos Aires, 17 dias depois.
Pois é, e a pobre Cagiva ficou só com 2 vitórias em 30 edições? É... mas como todos sabem as motos desta marca sempre usaram motor da Ducati, e como não se tem registro desta marca no Dakar, fui buscar no mundial de superbike mais informações. Opa! Parece que chegamos à redenção! Eis que este motor com comando desmodrômico e embreagem à seco (Quem escuta pela primeira vez pensa que tá tudo quebrado e moendo lá dentro!) venceu 16 das 20 edições desta competição.
Pois é, como já falei por aqui, a Cagiva, que produz motos desde 1978, foi adquirida no final de 2008 pela Harley-Davidson, que mantem a fabricação apenas dos modelos Mito e Raptor, mas a grande expectativa que vivem os amantes da marca é o relançamento dos modelos consagrados.
Todos nós, cagiveiros ferrenhos, acreditamos que esta é uma possibilidade de quebrar esta hegemonia da KTM no Dakar.

Que Jim Ziemer, CEO da Harley-Davidson nos ouça!
Até o próximo...

Atualização em 05/05/2013

Desde o post original até agora o mundo já deu 1273 voltas.
Jim Ziemer deixou o posto de CEO da Harley para Keith Wandell.
A Cagiva não pertence mais à Harley, voltou para a família Castiglioni como parte do grupo MV Agusta, e atualmente pertence à Wolksvagen/Audi.
Por falar em Castiglioni, Claudio subiu pro andar de cima em 2011.
Agora todo mundo corre o Dakar com motos 450cc.
Mas tem coisas que não mudaram... o Dakar continua na América do Sul, e a KTM continua ganhando.
Se a década de 80 foi dividida por Honda (5) e BMW (4), a de 90 por Yamaha (7) e Cagiva (2), desde 2000 que só a KTM chega na frente.
Este ano algumas figuras representavam grandes ameaças à esta hegemonia: Felipe Zanol (Honda), Joan "dinamita" Barreda (Husqvarna), Olivier Pain e David Casteu (Yamaha).
Zanol, como todos sabem, sofreu grave acidente nos EUA e ficou de fora do Dakar2013.
Joan Barreda foi muito bem até a 5ª etapa, quando perdeu 3h e todas as chances.
Pain estava na frente até a 7ª etapa, mas teve muitos problemas e também perdeu suas chances.
E Casteu terminou a 8ª etapa em primeiro mas bateu numa vaca na etapa seguinte e abandonou por um traumatismo no ombro.

Cyril FDP Despres confirmou em Março que deixou a KTM (eu já tinha anunciado aqui).
Uns dizem que vai pra Honda, outros que vai pra Yamaha, outros que vai de carro, e outros querem que vá pra bem longe aprender noções básicas de solidariedade.

Podemos considerar algumas outras competições ao redor do mundo com um termômetro para o Dakar.
O Rally de Abu Dhabi, este ano foi vencido por Marc Coma, sinal de que está recuperado, e teve Paulo Gonçalves em segundo com uma Husqvarna chamada Speedbrain somente 32s atrás de Coma.
A mesma dupla chegou na frente no Rally do Qatar, com diferença menor ainda (4 segundos !), e aparecem também Chakeco Lopez em e Cody Quinn, respectivamente em 4º e 5º com KTM e Speedbrain.
Teremos ainda o Rally da Sardagna no final de Maio, da Argentina (ruta 40) em junho, dos Sertões no final de Julho, dos Faraós em Setembro, e do Marrocos em Outubro.

Vamos acompanhar.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Final de semana difícil...

Olá!

Com um pouco de atraso, trago um post sobre o passeio do feriado de 02/11 em Floripa.
Então... havia um encontro de motociclistas, e o pessoal da minha cidade estava se organizando a um bom tempo para participar.
Eu nunca participei de um encontro, e tinha a imagem de um monte de "boyzinhos" queimando pneu, fazendo barulho, deixando as ruas cheias de sujeira, e bebendo (por dizer bebendo...) até acido de bateria.
Mas este parecia que seria diferente.
A começar pelo grupo.Somando a idade dos 8 intrépidos "pilotos" é capaz de passar dos 400 anos, e somando a kilometragem rodada por todos em duas rodas, é difícil chegar aos 100 mil.
Mas a verdade é que o pessoal é muito divertido...

Os médicos, professores e empresários, ao entrarem em suas roupas, encarnam e vivem outra persona, e no final, não se sabe se, como dizia o velho Raul (Seixas) "era uma borboleta que pensou que era um sábio chinês, ou um sábio chinês que pensou ser uma borboleta".
Fomos de bonde. E para quem não sabe, bonde é uma forma organizada de se andar em grupo de moto na estrada. Quem vai na frente é o "ponteiro", quem vai no final é o "ferrolho". Ninguém passa o ponteiro e nem fica atrás do ferrolho, e a galera vai andando em um único bloco, de uma fila dupla desencontrada, ou seja, não se anda lado-a-lado, mas sim em diagonal com a moto da frente e a de trás. Em pista dupla, para ultrapassar, o ponteiro sinaliza e abre, e em seguida o ferrolho faz o mesmo, "travando" o trânsito para proteger a ultrapassagem do resto do grupo.
O maior problema de se viajar em bonde é que o grupo precisa encontrar um consenso de ritmo. Grupos mais acostumados a viajar juntos têm mais facilidade em encontrar esta sintonia, mas esta era a primeira viajem deste grupo, e encontrar esta harmonia demorou um pouco.
Mas os problemas não se resumem à faixa etária ou inexperiência dos brothers. Coisas piores nos aguardavam...
Ao chegarmos no hotel tivemos que suportar várias horas em um ambiente quase inóspito.

Sol, cerveja gelada, piscina, mar, céu azul, uma brisa leve e refrescante.
Um verdadeiro martírio.
E foram VÁRIAS horas!!!
No dia seguinte estava programado um passeio ao redor da ilha.
Calculei cerca de 800 motos alinhadas.

Pareciam estar presentes todas as marcas e modelos do mundo, mas Cagiva só tinha uma... :)
Rodamos da praia dos Ingleses até a Lagoa da Conceição, passando pelo Rio Vermelho, Barra da Lagoa, e praia Mole, e daí, pelo Canto da Lagoa, Rio Tavares, Costeira do Pirajubé, para a baía sul, atravessando o túnel sob o Morro do Mocotó para chegar ao centro, e daí para a beira mar norte.
Por onde passava, aquele mar de motos chamava a atenção.

Seguimos pela SC401 até o trevo que nos levaria para Jurerê Internacional, onde este monte de motos chegou ao P12, onde seríamos obrigados a passar o resto do dia.

As imagens falam por si só... penamos... um martírio...

O local é uma sede de praia do clube 12 de Agosto. Fica bem no final da praia, à esquerda de quem chega. Um lugar amplo, com picinas, bares, palco, acesso exclusivo à praia, tendas, divãs, poltronas, camas, enfim... um inferno. A para maltratar ainda mais os já sofridos motociclistas, o almoço foi servido ali mesmo, neste ambiente que abala até o psicológico do sujeito. Paella à Valenciana. Teve gente que até chorou!!!
Já no final do dia rolou no palco a apresentação de 3 grupos. A bateria da Consulado, que empolgou a turma do samba, com destaque para a musa, que empolgou mais do que a bateria...

E mais 2 bandas que fizeram o mais puro rock and roll.

Chamou a atenção um menino que estava especialmente atento e envolvido pela apresentação das bandas. Chegou a sentar no palco para assistir, e no final fez questão de uma foto com as meninas, autógrafo, beijinhos e tudo que um bom fã tem direito.

No final da noite, num dos estacionamentos que abrigou cerca de 400 motos, restavam apenas 4, o Cagivão e mais 3...
No dia seguinte, feriado de 02/11, o retorno foi meio difícil por causa do trânsito na estrada, mas chagamos todos bem, como se diz: "contentes e satisfeitos".
Não posso deixar de registrar agradecimento aos brothers pelo convite e pela companhia, e espero que o grupo faça poeira com mais freqüência.

Até o próximo, onde quero falar um pouco sobre o Dakar (rally).