domingo, 26 de agosto de 2012

Motor de arranque e Bengalas

Olá pessoal!

Quem acompanhou a viagem para o Uruguay lembra que o motor de arranque se entregou lá na fronteira com a Argentina.

Bom, conversa daqui e dali, e a dica era fazer uma boa limpeza e trocar as escovas.
Pra tirar o motor de arranque, é preciso secar o óleo e remover a tampa lateral esquerda do motor, porque um dos 3 parafusos de fixação do motor de arranque só é acessível ali por dentro, e ainda precisa girar um pouco o bloco para que um furo em uma engrenagem dê acesso ao tal parafuso.
Com o arranque na mão, desmanchar é bem fácil.
Levei o rotor num torneiro para dar um passe no coletor, que estava bem "queimado" por causa das escovas velhas. Ficou novo!
O problema maior foi encontrar uma mesa de escovas compatível.
Encontrei uma ou duas que tinham o mesmo diâmetro, mas o ângulo entre uma e outra não eram iguais à original, e acabei comprando uma da CB500 que tinha o mesmo ângulo, mas não o mesmo diâmetro.
Depois de tirar quase 2mm a bandeja encaixou certinho.
Fiz um teste "off lline" ligando o arranque direto na bateria e funcionou perfeito!
Dai foi só fechar, colocar óleo, e apertar o botão vermelho.
Pegou de primeira!

Outro probleminha que se manifestou depois que terminamos a viagem, foi um vazamento de fluído no amortecedor dianteiro esquerdo.
Pergunta daqui e dali e vamos lá.
Como para mim este trabalho foi um pouco complicado pela falta de informação (minha), resolvi escrever aqui um passo-a-passo.
Os retentores (45x57x11 da Athena) eu comprei online na HParts.


A primeira coisa é afrouxar o parafuso/tampa superior do amortecedor. Primeira mesmo! Remova o guidão para ter espaço, e afrouxe o parafuso com uma chave 17mm.
Depois suspenda a moto, solte a roda, para-lamas e caneleiras, e retire os amortecedores (já que vai fazer... faça os 2!).
Já na bancada, com a mesma chave 17, remova as tampas.


CUIDADO!
O fluído vencido e agredido pelo esforço mecânico costuma gerar um gás fedorento.


Depois vire todo o resto de fluído em algum recipiente para descartar.
E não jogue em qualquer lugar! Cuide da natureza!
Agora você vai precisar travar o "miolo" do amortecedor com uma chave 14mm, e soltar dele também a tampa.



Depois que soltar você poderá remover a mola.


Para soltar o guarda-pó eu usei as costas de uma serrinha.



E para soltar a trava do retentor a ponta de uma chave de fenda pequena.



Pronto.
Agora é só dar um "tranco", um puxão seco e forte no sentido de "abrir" o amortecedor, que o retentor e as buchas vão soltar.



Guarde bem a posição de tudo, inclusive o lado correto do retentor.
Mesmo não sendo recomendado pelo Ruy e pelo Alvaro, resolvi soltar o parafuso da ponta de baixo do amortecedor e remover o "miolo".



Removi e limpei tudo da melhor maneira possível.
E começou a remontagem.
Fixei novamente o "miolo" pelo parafuso de baixo, e recoloquei as buchas, retentor e guarda-pó.


Para colocar o retentor no seu lugar, usei o pedaço de uma chapa de tecnil.
Primeiro pressionei com a mão mesmo, e depois bati com um pedaço de madeira.



Com o retentor no lugar, é só colocar a trava e o guarda-pó, colocar de volta a mola, e fixar a tampa no "miolo".
Antes de fechar tudo, rosqueando a tampa no amortecedor, não esqueça do óleo!
Eu usei Motul 15W. Vai 650ml em cada uma.


Tem Motul 5W, 10W, 15W e 20W, e dá para usar qualquer um. Quanto menor o número, mais macia vai ficar a suspensão, portanto, quem roda mais na terra é melhor optar por 5 ou 10W.
Pronto.
Feche a tampa e coloque as bengalas no lugar.
Não esqueça de dar o aperto final na tampa quando tudo estiver fixado.

É isso ai.

Ah! Quase já ia esquecendo...
Aproveitei que estava "com as mãos sujas" e troquei as pastilhas de freio.

domingo, 5 de agosto de 2012

Otros sabores de Uruguay

Olá pessoal!

Na nossa viagem conhecemos gente interessantíssima.

Estivemos com o Hamilton Coelho.
Figura fantástica!
Não me conformo até hoje por não havê-lo "descoberto" antes.
Perdi a conta de quantas vezes já cruzei a fronteira Brasil-Uruguay pela pequena ponte sobre o arroio chui, e nunca soube que bem ali ao lado vive uma personalidade tão interessante.

Ele mora a bastante tempo em uma casa ampla às margens do arroio chui.
O terreno pertence ao estado, e a casa foi construída pelo governo militar, mas muito pouco usada, e acabou sendo abandonada, e o Coelho aguarda com paciência o judiciário definir sua situação de posse.
Enquanto isso...
Ele dá vasão à sua arte e alimenta sua paixão pelo mar e suas coisas.
Baleias.


É pelo trabalho que faz com os ossos destes animais que ele se tornou conhecido.
A extensa (220km) praia que vai do Chui a Rio Grande é o seu quintal, e a vertente tanto inspiradora quento de matéria-prima para seu trabalho.


Quem passar pela fronteira sul do país não pode deixar de conhecer o Coelho, que se intitula o último morador do Brasil, mas que eu digo que não é o último não, mas o primeiro!

Outra pessoa singular que conhecemos foi a Rosario, ou "la flaca", ou "Rosita la fletera", apelidos pelos quais é conhecida em La Pedrera.


Rosario é uma argentina de meia idade que trabalhou por vários anos na área de marketing da Intel, e que após o término de seu casamento disse: o que eu estou fazendo aqui?
Largou a vida estável e saiu por ai.
Rodou toda a América do Sul e depois de ver e conhecer o que queria, acabou baixando âncora em La Pedrera.
Você pode encontrá-la todas as noites no restaurante Don Rômulo, onde trabalha de garçonete, e de dia  ela faz fretes com uma van.
Na primeira noite que fomos ao restaurante ela estava sozinha no atendimento, e comentou: "estamos un poquito colapsadas", mas percebeu que as músicas não estavam muito "sintonizadas" com com o público e lançou: "vamos a musicalizar el ambiente!"
Quando pedíamos dicas sobre o cardápio ela disse "acá se come bien. Trabajo a un mes y medio y ya engordé un quilo!", e nos recomendou os Tortelones de carneiro ao molho de butiá, que é realmente muuuuuuito bom!


"Colapsada" ela percebeu que não havia guardanapos disponíveis, mas não se abalou. Foi à cozinha e pegou duas toalhas de papel: "se nos terminaron las servilletas, pero te traigo toallitas de papel para que te sientas en casa".
Quando a Carla pediu uma única sobremesa e duas colheres, ela me olhou e largou: "estás de acuerdo con eso?"
Ao vermos um cartazinho de WI-FI perguntamos pela senha, Rosario explicou: "está escrito, pero es mentira, no tenemos wi-fi, pero en el club de la esquina... la seña es..."
Ela brinca e diz que sempre que cruza com um cavalo puxando as tradicionais carroças de frete, sente um tipo de remorso por estar tirando o trabalho dos bichos.


E pra fechar as personalidades da fronteira, conhecemos Don Eusebio, que trabalha como jardineiro, eletricista, encanador, marceneiro, e o que mais for necessário no Pueblo Barrancas.


Quando viu que havíamos terminado o café da manhã, se acercou para enrolar seu cigarro de palha e "gastar um pouco as palavras". Acabamos filosofando sobre o mate (chimarrão), seus rituais, papel social, e psicológico, e neste lento diálogo ele sentenciou: "el mate tiene que tener su pausa, si no és água caliente".

Só com esta frase e uma boa garrafa de vinho, passa-se uma noite inteira filosofando sobre a vida!

Até o próximo!