quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Que relação tem a relação?

Olá pessoal!

Uma das propostas deste espaço é proporcionar aos mortais que não têm o privilégio de integrar o Desmogroup, algumas das preciosas informações que frequentemente aparecem por lá.

É muito comum o motociclista resolver implementar alguma alteração na relação secundária, formada pela coroa, corrente, e pinhão.
Os motivadores são vários. Melhorar o consumo, conseguir mais velocidade final, melhorar o torque, etc.
Primeiro é importante falar o seguinte; o fabricante não optou pelo conjunto correia/coroa/pinhão apenas por achar os números bonitinhos. É um trabalho árduo de engenharia e testes para determinar com qual relação se obtém o melhor resultado de desempenho e economia, e nos mais diversos regimes de trabalho do motor.
Outro ponto importante é que um motor não tem desempenho linear, ou seja, ele não entrega a mesma potência e torque a 1000RPM, 4000RPM ou 7000RPM, e além disso inúmeros fatores podem influenciar nesta curva de desempenho. Qualidade do combustível, ajuste de carburação, ajustes de ignição (ponto), ajustes no comando de válvulas, pneus, mudanças do escapamento, etc.
Vejam abaixo um exemplo de curva de desempenho da Ducati Monster S4RS (linha azul) e alteração produzida pela substituição do escapamento (linha vermelha).
Notem que na linha azul há um salto de desempenho logo depois dos 7500RPM, e que pouco antes dos 10Mil há um decréscimo de potência, mesmo aumentando o giro.
Estas medições foram feitas com dinamômetro diretamente na roda traseira.
A alteração do escapamento produziu um incremento máximo de 9HP a 8600RPM, e a potência máxima de 142.2HP atingida a 9800RPM, passou para 131.4 a 9700RPM.

Agora voltemos à pensar na relação.
Fala-se em relação ou transmissão secundária porque existe a primária.
É o conjunto de engrenagens da caixa de marchas e suas relações. Esta relação primária é responsável por transmitir movimento e potência do virabrequim ao eixo do pinhão, e a relação secundária é responsável por transmitir esta potência do eixo do pinhão para o pneu traseiro.
A configuração original de nossas Elefantes é pinhão 15 e coroa 46, mas que resultados teria se fizesse alguma mudança nestas duas peças? A resposta é um pouco difícil, e as vezes até empírica e subjetiva, mas para ajudar um pouco nos cálculos o Arni do Desmo encontrou um site muito interessante.
Você pode selecionar marca, modelo e ano de fabricação da moto, e ele carrega sozinho os dados originais. Relação primária, secundária, pneus, passo da corrente, etc. E mostra vários resultados teóricos, como por exemplo, a velocidade em sexta marcha a determinado regime de rotação.
No caso da configuração original, você pode ver a velocidade em cada marcha, por exemplo, a 7000RPM.
E pode conferir o resultado se você mudar, por exemplo, a coroa original de 46 dentes por uma de 40 dentes.
Ou ainda se trocar o pneu original (140/80-17) por um Mitas E08 150/70-17.

É isso ai.
O site oferece um monte de opções e configurações diferentes.
Divirta-se!!!

Para finalizar fica mais uma dica de outro Desmobrother, o Elcino, ele lembra que quanto menor o pinhão maior a tensão nos elos da corrente quando ela sai da trajetória retilínea e passa a "fazer a volta" no pinhão.

A sugestão dele, para minimizar o desgaste e aumentar a vida útil do sistema, é que não se utilize pinhão menor do que 15.

Até o próximo!