Tenho 40 anos, esposa e 3 filhos.
Minha primeira moto foi uma CG125 ano 1981.
Com esta moto viajei de Pelotas ao Uruguay 2 vezes, sendo uma delas debaixo de chuva e com o tanque furado! Depois dela tive uma Turuna que consumia mais óleo do que gasolina, e mais tarde uma DT180, que fundiu 2 dias depois que vendi. A algum tempo realizei um sonho de consumo, uma XT600Z Ténéré, que minha esposa chamava de velha, eu gosto de chamar de clássica, e nós dois apelidamos de fulana. Com esta fui de Jaraguá do Sul ao Uruguay (de novo!) e passei 11 dias pescando e rodando pelo interior daquele país.
Devo confessar que "sonho de infância" mesmo foi a Ténéré... A Cagiva
veio depois.. e sempre me pareceu um sonho meio platônico.
É claro que a visão do mundo perfeito vinha acompanhada do grafismo
Lucky Explorer.
Tem coisas que ficam marcadas por imagens. Para mim, Kawasaki é verde,
KTM é laranja.. e Elefante é Lucky Explorer!
Mas a minha veio de azul... Nel blu dipinto di blu... Volare!!!
Agora que já contei como me encontrei com esta moto, conto um pouco da história deste mito que fez escola no Paris-Dakar, e para isso chamo a edição 101 de Julho de 1991 (que custava Cr$950,00) da revista MotoShow, acompanhe...
"Não se impressione, pois se a E900 parece grande nas fotos é porque você ainda não a viu ao vivo! Ela não é grande, é enorme, mas na prática a grande trail da Cagiva trai esta aparência... a Cagiva tem o "prazer" de dispor de um motor que serve para quase tudo... é tão versátil que tanto serviu para equipar a Cagiva vencedora do Paris-Dakar, quanto para vencer o mundial de SuperBike... Ponto de destaque é o sistema desmodrômico de acionamento de válvulas, uma fineza tecnológica que, na prática, significa que as válvulas são abertas e fechadas por balanceiros, quando o comum em outros sistemas é que sejam fechadas por mola, o que em giros mais elevados apresentam o defeito/característica de "flutuar" (não fechar corretamente) e comprometer o rendimento. Tanto tamanho, tanta imponência intimida qualquer um... mas imediatamente "a bordo" a impressão inicial cede lugar ao prazer: tudo à mão, pés bem plantados no solo, e formas que combinam com o ser humano. Como por mágica a moto dá a impressão de ser uma velha conhecida. Logo de cara, após alguns Km de estrada asfaltada, percebemos a maior qualidade desta moto que é o conforto aliado ao torque e potência, com enormes dotes de dirigibilidade: a moto é uma rocha de tão firme, não no sentido de ser dura, mas sim de ser precisa, "desenhando" as curvas com precisão de um compasso. A resposta ao acelerador é sempre pronta e a progressão do motor encurta a distância entre uma curva e outra, e ai começa a brincadeira: acelerar, trocar de marcha, reduzir, frear, inclinar, reacelerar, e assim vai. Uma delícia. Onde está aquele peso todo, aquela dimensão mastrodôntica que fazia prever uma "motona" pesada, teimosa para sair da linha reta para a curva? Sumiu? Pilotar uma moto de 185Kg à seco na terra é uma coisa, na lama, pior, na grama então é o máximo... uma literal surpresa é não só entender, mas verificar na prática como uma arquitetura de quadro excelente, suspensões bem calibradas e uma distribuição de peso correta podem gerar prazer autêntico ao seu piloto. Usar o motor e sua poderosa força e torque para finalizar as curvas em derrapagem controlada é delirante e surpreendentemente fácil, se bem que usar uma E900 é um tanto quanto insensato: o importante foi verificar que ela ainda mantém excelentes dotes de fora-de-estrada. Voltando ao asfalto faltava enfiá-la numa auto-estrada para sentir como seria o "monstro" em altas velocidades: perfeição é a palavra. Nada de oscilações, muito conforto e um incansável motor. O velocímetro alcança e passa a marca dos 200Kmh com facilidade e em curto espaço. Em resumo, a Cagiva Elefant 900 é uma moto polivalente, apesar de muito mais à vontade numa bela estrada, capaz de quase tudo, da trilha à estradinha de montanha, do tráfego pesado ao desfile à beira-mar seu comportamento é excelente."
E para finalizar a ficha técnica:
MOTOR 904cc 4 tempos bicilíndrico em " L " a 90 graus, com diâmetro/curso de 92mm x 68mm, e taxa de compressão 9,2 : 1, refrigerado a ar/óleo, com comando desmodrômico e 2 válvulas por cilindro, alimentado por 2 carburadores Mikuni 38 mm, produzindo torque máximo de 7,9 kgf.m a 5.500 rpm, e potência máxima de 68 cv a 6.500 rpm.
TRANSMISSÃO de 6 marchas com embreagem multidisco a seco,comando hidráulico, relação primária por engrenagem, e secundária por corrente (530 x 108.
Quadro em berço duplo de aço c/balança de alumínio, suspensão traseira monoamortecida (Soft Damp) com curso de 190 mm, e suspensão dianteira Showa , invertida , com curso de 210 mm.
Pneu traseiro 140/80 - 1, e dianteiro 100/90 - 1, com freios Brembo de pinça dupla, 1 disco atrás de 240mm e 2 na frente de 282mm.
Distância entre eixos de 1570mm, altura do banco de 896mm, e comprimento total de 2295mm, pesando 185Kg a seco, e com tanque para 24l.
Partida elétrica e ignição eletrônica tipo CDI.
Até o próximo!
